Quem sou eu
- Abrantes
- Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
- Guarda Municipal RJ, integrante do antigo Grupamento de Ações Especiais e agora GOE, Grupamento de Operações Especiais
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Nova pistola do USMC
O USMC comprou 12 mil pistolas calibre .45 por US$ 1.900 cada. Serão usadas principalmente pelos MARSOC e Force Recon. As forças de operações especiais americanas vem gradativamente substituindo o calibre 9mm pelo .45. O poder de parada é maior assim como o alcance até 50 metros.
A nova pistola é o modelo Colt CQBP (Close Quarter Battle Pistol) e não a velha M1911A1, mas usa a mesma munição. A CQBP tem oito tiros, é feita de material resistente a sal, e aceita trilhos para acessórios.
As tropas americanas operando no Afeganistão e Iraque observaram que estas armas funcionam bem a curta distância. As unidades da SWAT e Comandos de todo o mundo já tiveram a mesma conclusão. A arma funciona bem com tropas bem treinadas no seu emprego. O calibre 9mm foi escolhido na década de 80 para padronizar com outros países da OTAN. As pistolas calibre 9mm são levadas geralmente por oficiais e pessoal de apoio que raramente as usam
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Militar desarma versão de Obama
Membro da tropa de elite diz que líder da al-Qaeda não ofereceu resistência durante a operação
O canal Fox News, divulgou nome e imagens de Matt Bissonnett, 36 anos, como autor do livro que conta a sua versão sobre a operação no Afeganistão, resultando a morte de Osama Bin laden.
A morte de Bin Laden
O relato em primeira pessoa de um membro dos Seals - a unidade de elite da Marinha americana responsável pela morte de Osama bin Laden - contradiz a versão apresentada pelo governo, com uma descrição menos heroica da operação que se converteu num dos principais trunfos políticos do presidente Barack Obama.
As revelações fazem parte do livro "Não há dia fácil: Um líder da tropa de elite americana conta como mataram Osama bin Laden", que teve seu lançamento adiantado para o dia 4 de setembro (inclusive no Brasil). De acordo com o relato da agência Associated Press e do site Huffington Post, que tiveram acesso à publicação, Bin Laden estava desarmado e já havia levado um tiro na cabeça quando os Seals invadiram o quarto, em sua casa, em Abbottabad, no Paquistão.
As divergências em relação à narrativa apresentada pelo governo começam já na chegada da equipe ao complexo onde Bin Laden morava. O conselheiro de Contraterrorismo da Casa Branca, John Brennan, disse, inicialmente, que o terrorista havia se engajado num tiroteio com os militares. "O ataque foi relatado como um filme de ação ruim", afirma o Seal. De acordo com o livro, o famoso tiroteio de 40 minutos mencionado pela imprensa jamais ocorreu.
Sentado sobre o corpo do terrorista
O autor, que escreveu o livro sob o pseudônimo de Mark Owen, foi identificado pelo canal Fox News como Matt Bissonnette, de 36 anos, militar que já foi condecorado com cinco Estrelas de Bronze (medalha por bravura ou mérito) e com o Coração Púrpura (honraria concedida pelo presidente aos que se feriram ou morreram em combate).
Segundo o relato de Bissonnette, enquanto os Seals subiam por uma escada estreita, o militar que seguia na frente da equipe avistou um homem espiando pela porta. "Estávamos a menos de cinco passos de chegar ao topo (da escada) quando ouvi tiros abafados. Não poderia dizer da minha posição se os tiros haviam atingido o alvo ou não. O homem desapareceu no quarto escuro", descreve.
Quando a equipe entrou no quarto, Bin Laden já estava mortalmente ferido. "Sangue e miolos espalhados do lado de fora de seu crânio", escreveu, embora ainda tivesse espasmos e convulsões.
Enquanto Bin Laden estava em seus últimos momentos de vida, Bissonette e outro Seal apontaram os lasers na direção do peito do terrorista e atiraram diversas vezes. "As balas o rasgaram, batendo seu corpo contra o chão até que ele ficasse imóvel". A partir deste momento, os militares examinaram o rosto do líder da al-Qaeda para se certificar de sua identidade. Uma jovem garota e uma das mulheres que choravam a morte do terrorista confirmaram. A descrição se opõe ainda à versão corrigida dos fatos pela Casa Branca, que disse, um dia depois da operação, que Bin Laden não estava armado, mas havia resistido à operação de captura.
Durante a operação de busca, os militares encontraram um fuzil AK-47 e uma pistola Makarov, mas elas estavam descarregadas. "Ele não havia preparado uma defesa. Não tinha intenção de lutar. Ele pediu a seus seguidores por décadas que usassem coletes suicidas ou que jogassem aviões contra prédios, mas não foi capaz de pegar sua própria arma", relata Bissonnette.
O livro desmente ainda o relato de que o corpo do líder da al-Qaeda teria sido tratado com dignidade antes de ser jogado no mar. O autor afirma que num voo de helicóptero lotado na saída de Abbottabad, um militar viajou sentado sobre o peito de Bin Laden, enquanto o corpo jazia aos pés de Bissonnette no meio da cabine.
História pode virar filme
O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Tommy Vietor, se recusou a comentar sobre o livro. "Como o presidente Obama disse na noite em que a justiça foi trazida a Osama bin Laden, "nós agradecemos aos homens que realizaram essa operação por seu exemplo de profissionalismo, patriotismo e coragem sem paralelo daqueles que servem nosso país"".
O anúncio de lançamento causou enorme polêmica nos EUA, especialmente porque o livro não passou por uma revisão do Pentágono para evitar a revelação de segredos. Com uma cópia do livro em mãos, o órgão revisa agora o conteúdo da publicação para verificar se ela tem informação confidencial e determinar que passos podem ser tomados em relação ao autor, inclusive do ponto de vista judicial. Após a divulgação do nome de Bissonnette, fotos do militar foram publicadas num site oficial da al-Qaeda sob a descrição "o cão que assassinou o mártir Osama bin Laden".
"É um livro que tenho orgulho de ter escrito. Minha esperança é que ele dê a meus companheiros americanos um vislumbre da grande honra que é servir ao país", disse Bissonnette, em nota, ao "New York Times". Ele ressaltou que o livro não contém informações que coloquem em risco a segurança nacional.
Tudo isso só aumentou o interesse do público pela obra. A primeira edição foi ampliada de 300 mil para 575 mil exemplares e a pré-venda já ocupa o primeiro lugar nas listas de best-sellers da Amazon e da Barnes&Noble. E a hitória pode acabar no cinema. O cineasta Steven Spielberg já estaria negociando os direitos de filmagem.
O relato em primeira pessoa de um membro dos Seals - a unidade de elite da Marinha americana responsável pela morte de Osama bin Laden - contradiz a versão apresentada pelo governo, com uma descrição menos heroica da operação que se converteu num dos principais trunfos políticos do presidente Barack Obama.
As revelações fazem parte do livro "Não há dia fácil: Um líder da tropa de elite americana conta como mataram Osama bin Laden", que teve seu lançamento adiantado para o dia 4 de setembro (inclusive no Brasil). De acordo com o relato da agência Associated Press e do site Huffington Post, que tiveram acesso à publicação, Bin Laden estava desarmado e já havia levado um tiro na cabeça quando os Seals invadiram o quarto, em sua casa, em Abbottabad, no Paquistão.
As divergências em relação à narrativa apresentada pelo governo começam já na chegada da equipe ao complexo onde Bin Laden morava. O conselheiro de Contraterrorismo da Casa Branca, John Brennan, disse, inicialmente, que o terrorista havia se engajado num tiroteio com os militares. "O ataque foi relatado como um filme de ação ruim", afirma o Seal. De acordo com o livro, o famoso tiroteio de 40 minutos mencionado pela imprensa jamais ocorreu.
Sentado sobre o corpo do terrorista
O autor, que escreveu o livro sob o pseudônimo de Mark Owen, foi identificado pelo canal Fox News como Matt Bissonnette, de 36 anos, militar que já foi condecorado com cinco Estrelas de Bronze (medalha por bravura ou mérito) e com o Coração Púrpura (honraria concedida pelo presidente aos que se feriram ou morreram em combate).
Segundo o relato de Bissonnette, enquanto os Seals subiam por uma escada estreita, o militar que seguia na frente da equipe avistou um homem espiando pela porta. "Estávamos a menos de cinco passos de chegar ao topo (da escada) quando ouvi tiros abafados. Não poderia dizer da minha posição se os tiros haviam atingido o alvo ou não. O homem desapareceu no quarto escuro", descreve.
Quando a equipe entrou no quarto, Bin Laden já estava mortalmente ferido. "Sangue e miolos espalhados do lado de fora de seu crânio", escreveu, embora ainda tivesse espasmos e convulsões.
Enquanto Bin Laden estava em seus últimos momentos de vida, Bissonette e outro Seal apontaram os lasers na direção do peito do terrorista e atiraram diversas vezes. "As balas o rasgaram, batendo seu corpo contra o chão até que ele ficasse imóvel". A partir deste momento, os militares examinaram o rosto do líder da al-Qaeda para se certificar de sua identidade. Uma jovem garota e uma das mulheres que choravam a morte do terrorista confirmaram. A descrição se opõe ainda à versão corrigida dos fatos pela Casa Branca, que disse, um dia depois da operação, que Bin Laden não estava armado, mas havia resistido à operação de captura.
Durante a operação de busca, os militares encontraram um fuzil AK-47 e uma pistola Makarov, mas elas estavam descarregadas. "Ele não havia preparado uma defesa. Não tinha intenção de lutar. Ele pediu a seus seguidores por décadas que usassem coletes suicidas ou que jogassem aviões contra prédios, mas não foi capaz de pegar sua própria arma", relata Bissonnette.
O livro desmente ainda o relato de que o corpo do líder da al-Qaeda teria sido tratado com dignidade antes de ser jogado no mar. O autor afirma que num voo de helicóptero lotado na saída de Abbottabad, um militar viajou sentado sobre o peito de Bin Laden, enquanto o corpo jazia aos pés de Bissonnette no meio da cabine.
História pode virar filme
O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Tommy Vietor, se recusou a comentar sobre o livro. "Como o presidente Obama disse na noite em que a justiça foi trazida a Osama bin Laden, "nós agradecemos aos homens que realizaram essa operação por seu exemplo de profissionalismo, patriotismo e coragem sem paralelo daqueles que servem nosso país"".
O anúncio de lançamento causou enorme polêmica nos EUA, especialmente porque o livro não passou por uma revisão do Pentágono para evitar a revelação de segredos. Com uma cópia do livro em mãos, o órgão revisa agora o conteúdo da publicação para verificar se ela tem informação confidencial e determinar que passos podem ser tomados em relação ao autor, inclusive do ponto de vista judicial. Após a divulgação do nome de Bissonnette, fotos do militar foram publicadas num site oficial da al-Qaeda sob a descrição "o cão que assassinou o mártir Osama bin Laden".
"É um livro que tenho orgulho de ter escrito. Minha esperança é que ele dê a meus companheiros americanos um vislumbre da grande honra que é servir ao país", disse Bissonnette, em nota, ao "New York Times". Ele ressaltou que o livro não contém informações que coloquem em risco a segurança nacional.
Tudo isso só aumentou o interesse do público pela obra. A primeira edição foi ampliada de 300 mil para 575 mil exemplares e a pré-venda já ocupa o primeiro lugar nas listas de best-sellers da Amazon e da Barnes&Noble. E a hitória pode acabar no cinema. O cineasta Steven Spielberg já estaria negociando os direitos de filmagem.
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Livro sobre operação contra Bin Laden tem lançamento antecipado
O livro escrito por um dos integrantes do grupo de operações especiais da Marinha dos Estados Unidos (Seals), que no ano passado matou Osama bin Laden, será lançado na próxima terça-feira, uma semana antes da data prevista inicialmente, justamente 11 de setembro.
Segundo informou hoje a editora Penguin, a venda do livro será antecipada em uma semana devido à grande controvérsia provocada pelo anúncio de sua publicação, o que alguns consideram que pode colocar em risco a segurança do país.
O autor de Não Há Dia Fácil: Um líder da Tropa de Elite Americana Conta Como Mataram Osama Bin Laden quis manter anonimato, assinando com o pseudônimo Mark Owen. No entanto, a cadeia Fox o identificou como Matt Bissonnette, de 36 anos e membro do comando de operações especiais Navy Seals que participou da operação na cidade paquistanesa de Abbottabad.
O Pentágono já tem uma cópia e "a estamos vendo", segundo indicou hoje à agência EFE o seu porta-voz, George Little, que não entrou em detalhes sobre possíveis consequências legais contra o militar, já aposentado.
O livro, cuja publicação foi anunciada nesta semana, foi uma surpresa tanto para a Casa Branca como para o Pentágono, que, segundo indicaram, não foram consultados. "O autor não buscou nem apoio, nem aprovação da Marinha para este livro", assinalou o porta-voz do chefe da Marinha, o contra-almirante John Kirby.
Segundo informou hoje a editora Penguin, a venda do livro será antecipada em uma semana devido à grande controvérsia provocada pelo anúncio de sua publicação, o que alguns consideram que pode colocar em risco a segurança do país.
O autor de Não Há Dia Fácil: Um líder da Tropa de Elite Americana Conta Como Mataram Osama Bin Laden quis manter anonimato, assinando com o pseudônimo Mark Owen. No entanto, a cadeia Fox o identificou como Matt Bissonnette, de 36 anos e membro do comando de operações especiais Navy Seals que participou da operação na cidade paquistanesa de Abbottabad.
O Pentágono já tem uma cópia e "a estamos vendo", segundo indicou hoje à agência EFE o seu porta-voz, George Little, que não entrou em detalhes sobre possíveis consequências legais contra o militar, já aposentado.
O livro, cuja publicação foi anunciada nesta semana, foi uma surpresa tanto para a Casa Branca como para o Pentágono, que, segundo indicaram, não foram consultados. "O autor não buscou nem apoio, nem aprovação da Marinha para este livro", assinalou o porta-voz do chefe da Marinha, o contra-almirante John Kirby.
Além desta histórica operação, o ex-militar inclui histórias de sua vida, como sua infância no Alasca, seu duro treinamento para fazer parte dos Navy Seals e os 13 combates dos quais participou após os atentados de 11 de setembro de 2001 até sua aposentadoria, no ano passado. O livro será lançado com uma tiragem inicial de 300 mil exemplares.
K-9: Um Amigo para a vida inteira
1º Sgt. Rafael Viveros cumprimenta um cão veterano da raça golden retriever. Os laços formados entre os treinadores e os cães são muito fortes.
Sasha serviu ao Exército Nacional da Colômbia durante a maior parte de sua vida. Ela era considerada pelos colegas como mais um soldado, lutando nas frentes de combate contra os grupos terroristas do país. Desde o início de sua carreira militar foi treinada para encontrar explosivos e minas antipessoais, completando aproximadamente 3.000 missões, durante seis anos de serviço. Neste tempo, ela detectou mais de 100 minas antipessoais e salvou incontáveis vidas humanas.
Em setembro de 2010, a Operação Sodoma realizada pelo Exército colombiano levou à morte do cabeça das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Jorge Briceño Suárez, conhecido como “Mono Jojoy”. Durante a Operação Sodoma, Sacha encontrou oito minas antipessoais próximas ao abrigo do líder guerrilheiro. Mas quando a sua presença foi detectada, os terroristas lançaram uma granada em sua direção, e a explosão causou sua morte prematura que se tornou a única baixa da instituição durante a operação.
Sasha era um cão labrador preto de sete anos, treinada pelo Exército da Colômbia desde seu primeir ano de vida, e representava a metade de sua equipe – pois guias humanos fazem par com um cão nas operações tipo K-9 do Exército. Seu parceiro humano, que não revelou o nome durante a entrevista em homenagem ao labrador preto concedida ao programa Vamos Colombia, de uma emissora local de televisão, lembrou de Sasha como “uma cadela doce, brincalhona e muito esperta, inteiramente dedicada ao seu trabalho”.
Sasha era um cão labrador preto de sete anos, treinada pelo Exército da Colômbia desde seu primeir ano de vida, e representava a metade de sua equipe – pois guias humanos fazem par com um cão nas operações tipo K-9 do Exército. Seu parceiro humano, que não revelou o nome durante a entrevista em homenagem ao labrador preto concedida ao programa Vamos Colombia, de uma emissora local de televisão, lembrou de Sasha como “uma cadela doce, brincalhona e muito esperta, inteiramente dedicada ao seu trabalho”.
O Departamento K-9 do Exército colombiano tem atualmente 3.500 cães em atividade, como Sasha, nos 13 centros de treinamento distribuídos pelas principais cidades do país. As unidades são subordinadas à Diretoria Militar de Engenheiros, responsável pelo treinamento e pela escolha das duplas que enfrentam os desafios impostos pelo inimigo, bem como pela natureza, desde 1997. Os cães são especificamente treinados em uma das cinco especialidades, que incluem detecção de minas e narcóticos, busca e salvamento, segurança de instalações e agilidade. Cada cão é designado a um parceiro humano pela vida toda, e juntos eles formam as equipes que só se dissolvem quando um dos membros morre. Muitos dos sargentos e soldados treinados para as diversas especialidades concordam que os cachorros são “como um irmão no patrulhamento, é mais um soldado”.
O treinamento é feito em cinco fases de adaptação operacional e de terreno, todas necessárias para que as equipes estejam totalmente preparadas para cada campo de especialização. Assim que os cães completam um ano de idade, os treinamentos são apresentados sob a forma de jogos. As fases são:
- Associação de cheiros: consiste em impregnar os brinquedos do cão com cheiros diferentes, incluindo narcóticos e explosivos, ensinando assim os cães a reconhecer cheiros através da repetição e do reforço positivo.
- Rastreamento restrito a coleira ou corrente: serve para acostumar o cão a obedecer apenas às ordens de seu dono através do uso dessas ferramentas.
- Adaptação a situações extremas: familiariza os caninos com sons altos, texturas de diferentes tipos de terreno, além de diferentes ambientes e clima etc.
- Registro de área sistematizado: os cães aprendem exatamente onde procurar, como realizar buscas, e o que procurar e encontrar.
Durante uma visita ao Centro de Treinamento e Retreinamento Canino da Escola de Engenharia do Exército colombiano (ESING, por sua sigla em espanhol), em Bogotá, Diálogo conversou com o militar responsável pelo programa de cães. O Primeiro-Sargento Rafael Viveros, diretor do programa de busca e salvamento, explicou que o uso de cães nesse tipo de tarefa não é apenas um procedimento lógico, mas também traz um grande benefício à força. “[Os cães] possuem 250 milhões de células olfativas, contra cinco milhões do mesmo tipo de células humanas. Além da agilidade e velocidade, os animais são muito importantes quando se trata de encontrar uma pessoa necessitando de ajuda”, disse o 1º Sgt. Viveros.
O Exército recruta ou compra os cães de canis de diversas raças, especialmente labradores ou golden retrievers, devido a sua agilidade, inteligência, facilidade de aprendizado, boa disposição e, em geral, em função dos resultados positivos que já demonstraram. Mas o Exército também trabalha com pastores alemães e belgas. Ao mesmo tempo, os membros do Exército buscam perfis específicos no momento de encontrar os parceiros humanos. São feitos testes psicológicos que escolhem os indivíduos mais ligados aos animais e a seus trabalhos.
A duração dos cursos para os cães e seus treinadores é variável. Por exemplo, os cursos para guias de busca e salvamento e detecção de explosivos duram 14 semanas cada. Esses cursos são realizados durante 48 horas de aulas semanais para o treinamento. As aulas incluem temas como técnicas de detecção de explosivos, primeiros socorros, técnicas de treinamento canino, explosivos, conservação e manutenção de canis e armamentos.
A duração dos cursos para os cães e seus treinadores é variável. Por exemplo, os cursos para guias de busca e salvamento e detecção de explosivos duram 14 semanas cada. Esses cursos são realizados durante 48 horas de aulas semanais para o treinamento. As aulas incluem temas como técnicas de detecção de explosivos, primeiros socorros, técnicas de treinamento canino, explosivos, conservação e manutenção de canis e armamentos.
De acordo com dados do Exército Nacional da Colômbia e estatísticas do Programa Presidencial para Ação de Minas, 1.079 membros das Forças Armadas morreram entre 2000 e 2009, e 3.711 foram feridos, a maioria mutilados. “A participação das equipes de cão e soldado vem sendo muito eficiente para nosso Exército porque o percentual de baixas e pessoas feridas por explosivos – tanto entre nossos soldados quanto na população civil, teve uma grande redução”, disse o Capitão Eliécer Suárez, chefe do Departamento de Cães da ESING.
Durante a busca e salvamento de minas antipessoais no campo de operações, os cães são treinados para farejar uma determinada área até que consigam identificar o local exato onde foram enterradas as minas.
Tal como ocorre no curso de reconhecimento de narcóticos, eles sabem que quando cumprirem seu objetivo devem avisar ao treinador com um sinal passivo. Fazem isto simplesmente ao se sentarem perto do objetivo. “Um cão dificilmente comete um erro”, garante o 1º Sargento Viveros, sentado perto de Zeus, seu pastor alemão especializado em busca e salvamento.
Tal como ocorre no curso de reconhecimento de narcóticos, eles sabem que quando cumprirem seu objetivo devem avisar ao treinador com um sinal passivo. Fazem isto simplesmente ao se sentarem perto do objetivo. “Um cão dificilmente comete um erro”, garante o 1º Sargento Viveros, sentado perto de Zeus, seu pastor alemão especializado em busca e salvamento.
FAC
A Força Aérea da Colômbia (FAC) tem o seu próprio Centro Militar de Treinamento Canino, que além de treinar e formar as equipes operacionais de cães, tem se dedicado também à criação de cães militares desde 2006. Atualmente, o Centro Militar de Treinamento Canino (CICAM, por sua sigla em espanhol) tem 158 cães de várias idades, principalmente pastores belgas.
A principal diferença entre os dois serviços é que as unidades caninas da FAC não estão expostas a “zonas quentes” no campo operacional, como aquelas preparadas pelo Exército do país. “Os filhotes permanecem com suas mães durante dois meses, e então são apresentados a diferentes processos de estimulação precoce”, disse o Capitão-Tenente Omar Reátiga Rincón, veterinário e instrutor responsável pelo programa de treinamento no CICAM.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Exército treina para Garantia da Lei e da Ordem e "guerra no meio do povo"
Atuação no Alemão, no Haiti e emprego em grandes eventos cristaliza ação de militares no País. Força avança e se prepara ainda para o conflito moderno, com combates urbanos
Instrutor explica como invadir instalação em treino de combate urbano
A repercussão positiva da atuação do Exército na Pacificação dos complexos do Alemão e da Penha e no Haiti e a futura atuação em grandes eventos no País estão levando a Força a ampliar o treinamento da tropa para operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e de combate urbano.
Nessas situações, segundo a Constituição Federal, os militares assumem a coordenação da segurança pública, como no caso de eleições, greves de polícias militares, mediante pedido dos governadores, reconhecendo não ter os meios suficientes para garantir a segurança. O Exército se prepara para atuar em grandes eventos, como a Copa das Confederações, a Copa do Mundo-2014 e as Olimpíadas-2016, sob a perspectiva da Garantia da Lei e da Ordem.
Foram dois dias um treinamento com cerca de 40 tenentes e sargentos do Exército do Comando Militar do Sudeste (CMSE), no Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem (CIOpGLO), em Campinas.
Outro foco de ação, mais moderno e recente, é o de treinamento para operações de combate urbano. Há cada vez mais uma tendência de os conflitos ao redor do mundo acabarem em uma cidade, em meio à população, a chamada “guerra no meio do povo”, como visto no Afeganistão e no Iraque.
Outro foco de ação, mais moderno e recente, é o de treinamento para operações de combate urbano. Há cada vez mais uma tendência de os conflitos ao redor do mundo acabarem em uma cidade, em meio à população, a chamada “guerra no meio do povo”, como visto no Afeganistão e no Iraque.
Após experiências bem-sucedidas internas, como no Alemão, e da Força de Paz no Haiti, o Exército já não está mais tão reticente em protagonizar as ações de GLO em solo nacional, uma vez superado o desconforto dos militares que muitas vezes não se sentiam respaldados juridicamente para atuar assim.
Hoje em dia, essa atuação já é vista como prestigiosa, como forma de manter a tropa adestrada e até de levantar recursos para aparelhar a Força – embora o tipo de armamento de guerra de que o Exército mais carece seja o de guerra e não o leve, usado nessas circunstâncias.
Assim, desde o ano passado, a Força tem feito muitas grandes operações e treinamentos do gênero pelo País.
De olho nos grandes eventos, recentemente tropas do Comando Militar do Sudeste montaram a operação “Escudo Sagrado”, em Aparecida do Norte-SP, onde fizeram a segurança da Basílica de Nossa Senhora de Aparecida, como treinamento para a Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá no ano que vem, no Rio. São as chamadas “ações de não-guerra”.
A experiência no terreno levou o Exército a perceber que, por vezes, ações de GLO acabam se transformando, na prática, em combate urbano, “no meio do povo”. Portanto é preciso especializar a tropa para essa situação, em treinamento distinto daquele de GLO.
A experiência no terreno levou o Exército a perceber que, por vezes, ações de GLO acabam se transformando, na prática, em combate urbano, “no meio do povo”. Portanto é preciso especializar a tropa para essa situação, em treinamento distinto daquele de GLO.
Um caso simbólico foi a Operação Arcanjo 6, no Alemão e na Penha. Em janeiro de 2012, a tropa justamente da Brigada de Campinas chegou ao Rio mais pronta para atuar em GLO do que em uma operação de combate urbano.
A realidade se impôs e acabou por tornar mais frequente a atuação dos soldados nesse tipo de operação de conflito, com traficantes remanescentes no local.
A realidade se impôs e acabou por tornar mais frequente a atuação dos soldados nesse tipo de operação de conflito, com traficantes remanescentes no local.
“O Alemão é um exemplo de situação em que entramos prontos para GLO e mudamos para combate em ambiente urbano”, conta o tenente-coronel Fernando Fantazzini, chefe da Comunicação Social da 11ª Brigada de Infantaria Leve, sediada em Campinas-SP.
É o chamado “Combate de 4ª dimensão”, que inclui as operações de GLO, de informação (com comunicação social, internet, mídias sociais), para aumentar o poder de combate.
Centro de Instrução de GLO treina tropas também para combate urbano
O CI Op GLO, na 11ª Brigada de Infantaria Leve, em Campinas-SP, é responsável por treinar os militares do Exército para esse tipo de atuação. A reportagem acompanhou um treinamento de combate urbano.
Aqui se forma todo o tipo de tropa para o emprego no Brasil e em missões de paz. Está chamando a atenção dos estrangeiros. Eles nos perguntam como conseguimos operar no Haiti e no Alemão e ter tanta aceitação da população”, explica o tenente-coronel Vladimir Schubert, comandante do 28º Batalhão de Infantaria Leve.
Aqui se forma todo o tipo de tropa para o emprego no Brasil e em missões de paz. Está chamando a atenção dos estrangeiros. Eles nos perguntam como conseguimos operar no Haiti e no Alemão e ter tanta aceitação da população”, explica o tenente-coronel Vladimir Schubert, comandante do 28º Batalhão de Infantaria Leve.
Segundo ele, este ano, a Brigada já recebeu quatro visitas de representações dos Estados Unidos, entre elas a do general Simeon Trombitas, comandante do comando Sul do Exército daquele país, semana passada.
Na GLO, há uma preocupação grande com o efeito colateral – ou seja, o ferimento ou morte de inocentes. O primeiro princípio da Operação Arcanjo 6, nos Complexos do Alemão e da Penha, era “proteger a população”. O comandante da operação era o general-de-brigada Tomás Miguel Miné Paiva, comandante da 11ª Brigada de Infantaria Leve, onde fica o centro.
A todo momento, os instrutores destacam a diferença entre as operações de combate urbano (em teoria, uma guerra) e as de Garantia da Lei e da Ordem, quando as regras de engajamento e força proporcional são mais cautelosas.
A todo momento, os instrutores destacam a diferença entre as operações de combate urbano (em teoria, uma guerra) e as de Garantia da Lei e da Ordem, quando as regras de engajamento e força proporcional são mais cautelosas.
Seguindo a tendência moderna, o centro tem se especializado cada vez mais em operações militares em ambiente urbano, além de GLO.
Nesse curso (estágio, na denominação militar), os militares aprendem a atirar com luneta de sniper (caçador, ou atirador de precisão), a fazer invasão tática de ambientes confinados, a atirar sob estresse (em uma simulação de tiroteio), entre outras atividades.
Tiro sob estresse tem bomba e berros no ouvido
Simulando um combate em cidade, os disparos são feitos a distâncias que variam de 50 a 100 metros, tamanho médio de um quarteirão urbano. No “tiro sob estresse”, os “estagiários” percorrem armados um circuito em que correm, fazem abdominais e flexões e memorizam objetos, antes de começarem a atirar de fuzil, sob gritos e apitos incessantes do instrutor e granadas de efeito moral.
"Vai, vai, corre! Atira! Atiiiiiiraaaaaa! Está esperando o quê? Você está levando tiro!", berra o instrutor. "Vai morrer! Vai morrer! Tá levando tiro, atira!"
Na aula sobre invasão tática de ambiente com reféns, por exemplo, o militar aprende a lançar primeiro uma granada de luz e som, com o objetivo de atordoar os criminosos e provocar distração.
“Pisa, olha pela porta, identifica a ameaça e lança a granada no ponto cego”, explica o tenente instrutor.
“Tem que entrar os três caras juntos (na casa) senão vira tiro ao pato! Se o segundo amarelar, o cara fica no “sanhaço” (situação difícil)! Vira Fallujah (referência à cidade no Iraque com forte resistência local, onde ocorreram combates intensos durante a guerra)!”, ensina o sargento instrutor.
Colômbia: entenda a cronologia das ações das Farc
Em 45 anos de existência, a guerrilha das Farc sobreviveu a pelo menos quatro grandes campanhas militares de onze governos diferentes, e inicia agora sua quarta tentativa de diálogo com o governo da Colômbia. Alguns dos principais fatos relacionados às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc):
- 27 de Maio de 1964: Aviões militares e tropas do Exército atacam Marquetalia, um enclave de camponeses revoltados na cordilheira dos Andes. Trinta e oito deles, incluindo Manuel Marulanda "Tirofijo" sobrevivem e criam o "Bloco Sul", considerado pelas Farc como sua pedra fundamental.
- 1978: É instituído o Secretariado, como direção colegiada de sete membros das Farc, integradas então por cerca de mil homens divididos em sete frentes.
- 28 de Março de 1984: As Farc aceitam uma trégua e iniciam negociações com o presidente Belisario Betancur (1982-1986). O partido União Patriótica (UP), ligado aos rebeldes, consegue eleger 14 congressistas em 1986, entre eles vários comandantes guerrilheiros. Além disso, lança o jurista Jaime Pardo como candidato presidencial.
- 11 de Outubro de 1987: Paramilitares de ultradireita matam Pardo e começam o extermínio de dirigentes da UP. Pelas contas atuais, foram mais de 3 mil pessoas assassinadas.
- 10 de Agosto de 1990: Morre em consequência de causas naturais Jacobo Arenas, considerado o principal ideólogo do grupo.
- 1º de Junho de 1991: Tem início em Caracas, na Venezuela, um diálogo entre o governo e as Farc, que continuaria até junho de 1992, quando é interrumpido em Tlaxcala, no México.
- 30 de Agosto de 1996: A guerrilha organiza um grande ataque à base das Delicias (sul) onde prende 60 militares. A partir daí, começam os sequestros em massa.
- 7 de Janeiro de 1999: Começa um diálogo com o presidente Andrés Pastrana, que garante às Farc um território desmilitarizado de 42.000 km2 no sudeste do país.
- 20 de Fevereiro de 2002: As Farc desviam um avião para uma estrada e sequestram um congressista, o que leva o presidente Pastrana a cancelar o processo de paz. Três dias depois, é sequestrada a candidata presidencial Ingrid Betancourt.
- 7 de Agosto de 2002: Alvaro Uribe assume o poder e promete derrotar a guerrilha, em meio a um ataque à sede presidencial, que deixa 21 mortos.
- 7 de Fevereiro de 2003: Um atentado das Farc com carro-bomba deixa 36 mortos no exclusivo clube El Nogal, em Bogotá.
- 13 de Fevereiro de 2003: As Farc derrubam um pequeno avião em Caquetá (sul) e sequestram três americanos.
- 5 de Fevereiro de 2008: Em diversas cidades da Colômbia e no exterior, cinco milhões de pessoas participam de marchas contra as Farc e pela liberdade dos reféns mantidos pela guerrilha.
- 1º de Março de 2008: Tropas colombianas entram no Equador e matam Raúl Reyes, número dois das Farc. No mesmo ataque, apreendem computadores da guerrilha com informações estratégicas e financeiras da guerrilha.
- 24 de Maio de 2008: A guerrilha anuncia a morte de seu líder histórico Manuel Marulanda "Tirofijo", aos 80 anos, vítima de um infarto, e sua substituição por Alfonso Cano no comando do Secretariado.
- 2 de Julho de 2008: Ingrid Betancourt, três americanos e outros 11 reféns são resgatados pelo exército colombiano na operação "Xeque".
- 1º a 5 de Fevereiro de 2009: Libertados o ex-deputado Sigifredo López, o ex-governador Alan Jara e quatro militares.
- 21 de Dezembro de 2009: Sequestrado e posteriormente assassinado pelas Farc o governador de Caquetá, Luis Cuéllar.
- 28 a 30 de Março de 2010: Libertados o soldado Josué Calvo e o sargento Pablo Emilio Moncayo.
- 13 de Junho de 2010: Dois policiais e um militar em poder das Farc por mais de dez anos são resgatados em uma operação militar.
- 23 de Setembro de 2010: Jorge Briceño, chefe militar das Farc, morre em um bombardeio das forças armadas.
- 9 a 16 de Fevereiro de 2011: As Farc libertam dois prefeitos, dois militares e dois policiais.
- 4 de Novembro de 2011: Alfonso Cano, líder máximo das Farc, morre em uma operação militar.
- 26 de Novembro de 2011: As Farc matam quatro reféns em meio a combates com as forças armadas. Um quinto cativo consegue escapar.
- 26 de Fevereiro de 2012: As Farc anunciam a libertação de dez militares e policiais ainda cativos e a suspensão do sequestro de civis.
- 2 de Abril de 2012: As Farc libertam os últimos 10 militares e policiais sequestrados.
- 30 de Maio de 2012: As Farc libertam o jornalista francês Romeo Langlois, capturado um mês antes durante um combate entre a guerrilha e o Exército.
- 27 de Agosto de 2012: Santos anuncia o início de contatos com as Farc visando acabar com o conflito armado.
GOE RIO - ESTÁGIO DE RECONHECIMENTO E PROCEDIMENTOS COM ARTEFATOS EXPLOSIVOS
Visando a preparação para os grandes eventos que estão para acontecer na cidade do Rio de Janeiro, o Grupamento de Operações Especiais da GM Rio, através da interação com Exército Brasileiro aprimorou seus conhecimentos em uma instrução preparada exclusivamente para os nossos operadores no que tange o reconhecimento e procedimentos com artefatos explosivos. O estágio foi realizado na Escola de Instrução Especializada (EsIE) tendo a duração de dois dias sendo ministrado para 40 GMs do GOE, divididos em dois turnos.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
No PANAMAX 2012, a marca do soldado colombiano
O General-de-Divisão Pedro Soto Suárez (esq.), inspetor geral do Exército da Colômbia, e o General-de-Brigada Simeon G. Trombitas, comandante geral do Exército Sul dos EUA, trabalharam lado a lado durante o exercício militar PANAMAX 2012.
O General-de-Divisão Pedro León Soto Suárez atravessou o cômodo com o olhar fixo no mapa do Canal do Panamá, ouvindo seus assessores, fazendo perguntas a torto e à direita. Nos últimos dias tem se alimentado às pressas, dormido em curtos intervalos, analisando a guerra dia e noite, como se fosse um combate real, de vida ou morte.
Há mais de uma semana, quando teve início o exercício PANAMAX 2012, o general colombiano comanda um exército multinacional de seu posto de comando em Fort Sam Houston, no Texas. A partir dali, dirige uma simulação de guerra contra um inimigo fictício, empenhado em espalhar o terror e destruir um ponto estratégico para a economia mundial e uma das mais surpreendentes joias da história da humanidade.
Organizado anualmente pelo Comando Sul dos Estados Unidos (SOUTHCOM), o PANAMAX tem como objetivo ensaiar uma resposta regional elaborada para proteger o Canal do Panamá contra um desastre natural ou um ataque terrorista. Nos anos anteriores, o exercício foi realizado com barcos e aviões; desta vez, no entanto, trata-se de um árduo exercício virtual, que requer horas de intenso trabalho por parte de militares de 17 países amigos.
Apesar disto, em meio à turbulência do “combate”, o General-de-Divisão Soto fez uma pausa estratégica para conversar com Diálogo. Ao seu redor, seu Exército continuava respondendo a ameaças hipotéticas, idealizadas para pôr à prova a capacidade de reação ante uma emergência real e tentar evitá-la.
Diálogo: General, o senhor poderia explicar-nos o papel específico que o senhor desempenha representando a Colômbia no exercício PANAMAX 2012?
General-de-Divisão Pedro León Soto Suárez: Neste momento, represento o comandante do componente de forças conjuntas combinadas terrestres, fazendo parte de uma coalizão com a qual trabalhamos em coordenação com o Exército dos Estados Unidos, como unidade anfitriã. O PANAMAX é um exercício realizado com o propósito de dar segurança a esse centro vital que é nosso Canal do Panamá, uma via crítica para o comércio e uma das peças mais estratégicas da infraestrutura da economia mundial. Basicamente, fazemos um trabalho de comum acordo com um Estado-Maior formado pelos diferentes países que, no momento, fazem parte deste exercício. Com eles, desenvolvemos e conduzimos operações conjuntas na área de operações que nos foi designada.
Essas atividades têm como finalidade atingir objetivos canalizados, primeiramente, a capacitar em operações conjuntas e combinadas todos os membros que delas participam; em segundo lugar, a integração que se obtém com a participação dos diferentes exércitos e as unidades de Fuzileiros Navais que também comando neste exercício; e em terceiro lugar o desenvolvimento do conceito operacional em tudo aquilo que tem relação com a assistência e os serviços de caráter médico. Como em qualquer atividade militar, trabalha-se na produção de uma inteligência eficiente para o futuro desenvolvimento de operações e a utilização dos apoios logísticos que devem ser coordenados durante o desenvolvimento desta e de outras operações. Realizamos também programas entre agências e de coordenação com cada um dos estados participantes desta atividade e, por fim, o desenvolvimento de operações combinadas na parte continental e na parte fluvial e marítima, em coordenação com a Força Aérea e a Marinha.
Diálogo: Esta é a primeira vez em que o senhor participa do PANAMAX? O que significa para o senhor e para a Colômbia ter a liderança da parte terrestre do exercício multinacional PANAMAX?
General-de-Divisão Soto: Esta é a primeira vez em que venho a terras deste querido país que são os Estados Unidos para participar do PANAMAX, mas já colaborei em outras oportunidades na Colômbia. Quanto ao que significa essa participação… militarmente, é uma honra imensa, é um desafio que todos nós, generais, podemos enfrentar. Este é um momento crucial em minha carreira, por isto o aceitei. O fato de participar como militar, como general colombiano à frente da direção, como comandante do componente conjunto terrestre, enche-me de um orgulho enorme e permite-me mostrar nossas capacidades como militares para enfrentar todas e quaisquer ameaças que vemos no momento, e aceitar os desafios em um trabalho conjunto e coordenado com representantes de outros países. Creio que, como representante de minha querida terra colombiana, o importante seja mostrar a fraternidade e a unidade na busca de objetivos comuns regionais para fazer de todo esse continente americano uma grande região acessível a todo o mundo, onde se possa respirar a paz e a liberdade.
Diálogo: A Colômbia colabora com uma experiência muito particular na parte terrestre do exercício; qual a contribuição específica dos militares de seu país ao exercício PANAMAX 2012?
General-de-Divisão Soto: O benefício que cabe a nós, como militares colombianos, é mostrar nossas capacidades, mostrar nossa experiência, que não se restringe à resolução dos conflitos, à forma como vimos enfrentando a ameaça… Percorremos um árduo caminho durante mais de 50 anos, quando sofremos os mais duros rigores da guerra, quando foram sacrificados muitos de nossos homens por uma causa muito nobre, que é a defesa de nosso país, a proteção de nosso povo. Esta formação do soldado colombiano nesses anos de conflito que nos vêm acompanhando propiciou-nos uma bagagem de conhecimentos extremamente grande do que é o verdadeiro soldado e do que significa lutar e entregar-se, não apenas por um território, por uma nação, mas também pela defesa dos cidadãos em geral. Ninguém melhor do que o soldado que carrega as mais profundas cicatrizes da guerra pode contar a história de um país e, nesse momento, creio que seja essa a nossa colaboração ao PANAMAX. Desta forma, deixamos a marca do soldado colombiano.
Diálogo: O PANAMAX, este ano, está sendo realizado pela primeira vez como um exercício virtual. Isto o torna mais difícil, mais interessante…?
General-de-Divisão Soto: O fato de o exercício ser virtual também tem suas implicações de comando, porque no virtual são analisados até os últimos detalhes e se avalia a capacidade não apenas do comandante, mas também da assessoria de seu Estado-Maior. São vistos os mais mínimos detalhes que devem ser levados em conta, sempre considerando as normas do direito internacional dos conflitos armados, o respeito aos direitos humanos, ao direito internacional humanitário, para que se cumpram as normas da guerra e as regras de encontro. Assim sendo, apesar de ser virtual, é como se estivéssemos realmente conduzindo e movendo nossas unidades em batalha. É uma grande escola que nos preparará, caso em algum momento tivermos que viver a realidade.
Diálogo: Esperamos que isto nunca seja necessário!
General-de-Divisão Soto: Com toda a razão. Este é o estado ideal, que continuemos vivendo e mantendo a tranquilidade que temos até o momento, e que todos aqueles que estejam habituados a viver à margem da lei se conscientizem de que a melhor saída é a legalidade; estar com o povo, estar com o estado, respeitar as instituições e as leis. O fato de que todos e cada um dos homens possam viver em paz na Terra.
Greve faz Dilma trocar PF por militares na Copa
Marinha, Exército e Aeronáutica devem atuar no reforço da segurança em todas as áreas consideradas estratégicas.
A presidente Dilma Rousseff decidiu privilegiar o papel das Forças Armadas no comando da segurança dos grandes eventos que vão ocorrer no Brasil a partir do ano que vem - Copa das Confederações, Copa do Mundo de Futebol e Olimpíada. A intervenção ocorreu depois que Dilma formou convicção de que na greve em curso os policiais federais agiram para atemorizar a sociedade em aeroportos, postos de fronteira e portos.
De acordo com assessores diretos, Dilma considera absurda a forma como os policiais federais têm agido na greve, levando a população a constrangimentos com revistas descabidas em malas e bolsas, além de exibição de armas em suas operações-padrão. A presidente teme ainda que o Brasil passe por vexames, como o que ocorreu na Rio+20, quando policiais federais tentaram fazer um protesto durante o evento.
O comando da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos, subordinada ao Ministério da Justiça e dirigida por um delegado da PF, Valdinho Jacinto Caetano, já começou a perder espaço para as Forças Armadas. Num primeiro movimento autorizado por Dilma, o Ministério da Defesa publicou ontem no Diário Oficial da União portaria que prevê o redistribuição de verbas de segurança em eventos e avança nas funções estratégicas da secretaria em favor dos comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica.
Conforme a portaria, em contexto emergencial, o ministério fica autorizado a realizar o planejamento para emprego temporário das Forças Armadas para atuar nas áreas de defesa aeroespacial, controle de espaço aéreo, defesa de áreas marítima, fluvial e portuária, segurança e defesa cibernética, de preparo e emprego, de comando e controle e de defesa contra terrorismo. A medida vale para todas as cidades-sede da Copa e dos grandes eventos programados até 2016.
O Estado apurou que, num segundo momento, o Planalto planeja substituir o titular da secretaria por um representante do Ministério da Defesa. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, informou por meio da assessoria que não comentaria portaria de outra pasta.
sábado, 18 de agosto de 2012
Exército corta aula de guerra antiga e foca no terrorismo e conflito em cidades
Em 8 anos, redução no número de vagas para o serviço militar foi de 50%. Em mudança, tropa aceita oficial mulher índia e casamento homossexual.
Tahiane Stochero
A formação dos jovens que ingressam no serviço militar está sendo reformulada com base nas mudanças estruturais e de atuação do Exército brasileiro.
A Estratégia Nacional de Defesa (END) elenca ensino e doutrina como pontos fundamentais para que futuros combatentes adquiram uma visão múltipla e estejam preparados para atuar não apenas em situações de guerra, mas em missões de paz e de ajuda humanitária.
A revisão do aprendizado também leva em conta novos armamentos e tecnologias que a Força planeja adquirir.
Foram ouvidos oficiais e praças das mais diversas patentes - da ativa e da reserva -, além de historiadores, professores e especialistas em segurança e defesa. O balanço mostra o que está previsto e o que já foi feito em relação a fronteiras, defesa cibernética, artilharia antiaérea, proteção da Amazônia, defesa de estruturas estratégicas, ações de segurança pública, desenvolvimento de mísseis, atuação em missões de paz, ações antiterrorismo, entre outros pontos considerados fundamentais pelos militares.
O ensino nas escolas militares, antes voltado para a guerra convencional entre Estados (cada vez mais rara desde a Segunda Guerra Mundial), sofre reformulações e incorpora aprendizados obtidos em operações realizadas com diversos órgãos nas áreas de fronteira e nas missões de Garantia da Lei e da Ordem (como é denominado o uso de tropas em segurança pública), como greves das polícias e ocupação de morros do Rio de Janeiro.
“O Exército é sempre o mesmo, mas a realidade muda. A América do Sul é uma região pacífica, mas não podemos abrir mão de que eles [jovens militares] aprendam como atuar em grandes combates de guerra convencional", diz o general Fernando Vasconcellos Pereira, diretor do Departamento de Educação e Cultura do Exército.
"Em 2012, começamos a reduzir a carga horária de aulas sobre guerras da antiguidade e clássicas, tentando trazer isso mais para a nossa realidade, com os conflitos modernos, como Iraque, Afeganistão, guerra ao terror. O mundo agora é outro”, acrescenta o general.
“Não entramos em nenhuma ação sem preparação específica. Seja para ocupar o morro do Rio de Janeiro ou para enviar tropas para a missão de paz no Haiti, nos dedicamos para isso. E, no nosso ensino, o que é vivenciado nas ruas passa a fazer parte do dia a dia”, garante.
Para o capitão Flavio Américo, que liderou, por um ano, um grupo de observadores da ONU que monitorava o conflito no Sudão e também comandou tropas durante o emprego do Exército em morros do Rio de Janeiro, nas eleições de 2008, o Exército ainda está aprendendo a atuar perto da população.
"A preparação que eu tive, tanto para atuar na segurança do Rio quanto para a missão de paz, foram excelentes. Somos treinados para essas situações", diz o oficial, com ponderações.
"Mas a formação que temos é voltada para a guerra, no modelo de combate convencional e com armamento pesado, como canhões. Hoje, o conflito é entre a população, com um inimigo não definido, com armas e equipamentos diferentes e com uma grande atuação interagências. Nesse tipo de guerra é fundamental o apoio da população. O choque entre as forças é, na realidade, um confronto de vontades para ter a população a seu lado”, defende o capitão.
Segundo o general Fernando Vasconcellos, da diretoria de ensino do Exército, houve, em todas escolas militares, o incremento do ensino de novas tecnologias, guerra cibernética, inteligência, missões de paz e terrorismo. "O nosso oficial e praça, hoje, sai formado disciplinarmente, sabendo atuar em vários tipos de operações”, garante.
Serviço militar obrigatório
Ao contrário da Marinha e da Aeronáutica, que realizam concursos para praças de baixa patente, o Exército não conta com soldados profissionais. A maioria dos jovens ingressa na Força através do serviço militar obrigatório, aos 18 anos. O tempo máximo de permanência é de oito anos, e o pedido para continuar sendo militar é feito anualmente.
Com isso, o Exército perde soldados que receberam pesados treinamentos e que acabam contratos por multinacionais e por empresas de segurança. Nos últimos oito anos, o corte de recursos para a Defesa diminuiu em quase 50% o número de vagas para o serviço militar. Em 2004, eram 117.779 vagas disponíveis, reduzidas para 61.430, em 2012.
Segundo dados do Exército, mais de 92% dos jovens convocados são voluntários, que recebem aulas de tiro, de sobrevivência na selva, cumprem tarefas de limpeza do quartel e ganham R$ 500 por mês.
“Eu quero ser militar porque é algo de família. Meus avós seguiram carreira, eu quero fazer o mesmo. Quero ter uma vida independente, sem ajuda de pai ou mãe, e não precisar correr atrás de emprego”, diz o estudante Ronan Ferreira de Lima, de 18 anos.
Filho de empresários do interior de São Paulo, Ronan compareceu à Junta de Serviço Militar em Santo Amaro em 30 de abril, último dia disponível para o alistamento militar neste ano.
“Eu acho que [servir] ajuda psicologicamente a ter determinação. Eu não tenho medo das dificuldades, de serem carrascos. Não me importo com isso, não”, acrescenta ele.
Só na capital paulista, 98 mil jovens se alistaram em 2012. Apenas 1,2 mil serão convocados, segundo o tenente Nelson Paravani, coordenador das juntas de serviço militar de São Paulo.
“Eles chegam nas juntas, apresentam os documentos e fazem o alistamento, dizendo se é ou não voluntário. Isso é obrigatório, segundo nossa Constituição. A maioria que quer servir é de nível escolar baixo. Por isso, selecionamos os melhores”, diz Paravani.
Os jovens que são dispensados devem prestar juramento à bandeira brasileira, afirmando que, em caso de guerra, ajudarão a defender a Pátria. Quem já está fazendo faculdade é chamado para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), em que recebe, durante meio turno, instruções militares básicas para comando.
O tenente diz que o alistamento militar pela internet será testado, no próximo ano, como forma de diminuir as longas filas durante o período e a espera dos jovens para apresentar documentos e saber o resultado.
“A partir de 2013, pretendemos que o processo seja feito pela internet, através do site da prefeitura. Será um piloto que o Exército testará primeiro em São Paulo. A forma é semelhante ao agendamento para inspeção veicular: o jovem escolhe a data e o horário para comparecer e evita os tumultos”, diz o oficial.
O estudante Igor Pedro Santos começou a servir em um quartel no Rio de Janeiro em março deste ano. Voluntário, ele comemora a convocação. “Tenho três irmãos que trabalham e não quiseram servir. O sonho do meu pai sempre foi ter um filho militar e eu, desde pequeno, gosto disso. Minha família me apoia”, diz.
“Vida de militar não é mole, não. Tem que gostar para conseguir chegar longe. Passei muita dificuldade nos treinamentos, mas lembrava que minha família torcia por mim e não desisti”, afirma o jovem ao relembrar de rastejamentos, de comida escassa e das longas marchas no curso de preparação para ser soldado.
A lei que trata do serviço militar no país é de 1964 e obriga que todo homem, ao completar 18 anos, apresente-se a uma Junta de Serviço Militar em sua cidade para o alistamento.
Como o número de vagas é pequeno, um dos objetivos da Estratégia Nacional de Defesa (END), promulgada em 2008, é promover mudanças na legislação para “tornar o serviço militar obrigatório realmente obrigatório”. No futuro, segundo a END, os dispensados do serviço militar deveriam ser usados em um serviço civil, “de preferência em uma região do país diferente da que vivem”.
No entanto, na reformulação do texto, que foi entregue em julho deste ano pelo Ministério da Defesa ao Congresso e que ainda precisa ser aprovado, o trecho foi retirado. A nova versão diz apenas que, “como o número dos alistados anualmente é muito maior do que o número de recrutas", eles serão selecionados de acordo com “o vigor físico, a aptidão e a capacidade intelectual”.
Segundo o general Walmir Almada Schneider Filho, que trata dos projetos da END no Exército, ainda não há nenhuma definição sobre mudanças. "O serviço militar é obrigatório só no nome, porque mais de 90% dos nossos soldados são voluntários. O que queremos é melhorar o nível de profissionalização desse jovem, que terá que atuar com novas tecnologias e inteligência nos próximos anos. Dizem que o nível do nosso soldado é muito baixo. Mas ele é o extrato da sociedade", afirma.
Transformações internas
Em 2011, o Exército incorporou a primeira tenente mulher de descendência indígena. Natural da terra Waiãpi, localizada no município de Mazagão (AP), Silvia Nobre Lopes, de 36 anos, é fisioterapeuta e atua no Rio de Janeiro.
Quando criança, Silvia ficava triste por não poder hastear a bandeira nacional. “Jurei para mim mesma que ainda faria isso”, diz a oficial. “Sempre ouvia que, como indígena, eu era o verdadeiro brasileiro. Mas a realidade era diferente”, relembra.
A tenente foi vítima de uma tentativa de estupro, na adolescência, e precisou fugir do agressor.
“Decidi que aprenderia a correr e me tornei uma atleta”, afirma sobre a decisão tomada após o episódio. Durante uma competição, foi observada por treinadores do Vasco da Gama e recebeu uma bolsa para estudar fisioterapia na capital carioca. Ela prestou concurso para oficial temporário e se formou em 2011, ingressando no Exército.
“Para mim, hastear a bandeira agora, no Hospital Militar, e ainda ajudar na reabilitação das pessoas são dois sonhos realizados”, diz.
Para Silvia, a presença de indígenas nas Forças Armadas, apesar de ainda incipiente, só tende a aumentar e a trazer benefícios. “Na Amazônia, os índios são os que melhores conhecem a selva, são preparados para aquele ambiente. Vários pelotões de fronteira usam indígenas como soldados no serviço militar obrigatório. Tenho muitos amigos índios que estão se formando e querem seguir carreira militar também.”
O Exército também aceitou, em 2012, o casamento de um oficial gay, que passou a morar com o companheiro. O major, que é médico e trabalha no Hospital Militar de São Paulo, não quis falar sobre o tema. Ao G1, o Centro de Comunicação Social do Exército diz estar ciente da cerimônia social de casamento do oficial, apesar dele não possuir registro civil do matrimônio nem de união estável.
“O Exército Brasileiro não discrimina qualquer de seus integrantes, em razão de raça, credo, orientação sexual ou outro parâmetro. O respeito ao indivíduo e à dignidade da pessoa humana, em todos os níveis, é condição imprescindível ao bom relacionamento entre seus integrantes e está alinhado com os pilares da Instituição: a hierarquia e a disciplina”, diz a nota.
A Estratégia Nacional de Defesa (END) elenca ensino e doutrina como pontos fundamentais para que futuros combatentes adquiram uma visão múltipla e estejam preparados para atuar não apenas em situações de guerra, mas em missões de paz e de ajuda humanitária.
A revisão do aprendizado também leva em conta novos armamentos e tecnologias que a Força planeja adquirir.
Foram ouvidos oficiais e praças das mais diversas patentes - da ativa e da reserva -, além de historiadores, professores e especialistas em segurança e defesa. O balanço mostra o que está previsto e o que já foi feito em relação a fronteiras, defesa cibernética, artilharia antiaérea, proteção da Amazônia, defesa de estruturas estratégicas, ações de segurança pública, desenvolvimento de mísseis, atuação em missões de paz, ações antiterrorismo, entre outros pontos considerados fundamentais pelos militares.
O ensino nas escolas militares, antes voltado para a guerra convencional entre Estados (cada vez mais rara desde a Segunda Guerra Mundial), sofre reformulações e incorpora aprendizados obtidos em operações realizadas com diversos órgãos nas áreas de fronteira e nas missões de Garantia da Lei e da Ordem (como é denominado o uso de tropas em segurança pública), como greves das polícias e ocupação de morros do Rio de Janeiro.
“O Exército é sempre o mesmo, mas a realidade muda. A América do Sul é uma região pacífica, mas não podemos abrir mão de que eles [jovens militares] aprendam como atuar em grandes combates de guerra convencional", diz o general Fernando Vasconcellos Pereira, diretor do Departamento de Educação e Cultura do Exército.
"Em 2012, começamos a reduzir a carga horária de aulas sobre guerras da antiguidade e clássicas, tentando trazer isso mais para a nossa realidade, com os conflitos modernos, como Iraque, Afeganistão, guerra ao terror. O mundo agora é outro”, acrescenta o general.
“Não entramos em nenhuma ação sem preparação específica. Seja para ocupar o morro do Rio de Janeiro ou para enviar tropas para a missão de paz no Haiti, nos dedicamos para isso. E, no nosso ensino, o que é vivenciado nas ruas passa a fazer parte do dia a dia”, garante.
Para o capitão Flavio Américo, que liderou, por um ano, um grupo de observadores da ONU que monitorava o conflito no Sudão e também comandou tropas durante o emprego do Exército em morros do Rio de Janeiro, nas eleições de 2008, o Exército ainda está aprendendo a atuar perto da população.
"A preparação que eu tive, tanto para atuar na segurança do Rio quanto para a missão de paz, foram excelentes. Somos treinados para essas situações", diz o oficial, com ponderações.
"Mas a formação que temos é voltada para a guerra, no modelo de combate convencional e com armamento pesado, como canhões. Hoje, o conflito é entre a população, com um inimigo não definido, com armas e equipamentos diferentes e com uma grande atuação interagências. Nesse tipo de guerra é fundamental o apoio da população. O choque entre as forças é, na realidade, um confronto de vontades para ter a população a seu lado”, defende o capitão.
Segundo o general Fernando Vasconcellos, da diretoria de ensino do Exército, houve, em todas escolas militares, o incremento do ensino de novas tecnologias, guerra cibernética, inteligência, missões de paz e terrorismo. "O nosso oficial e praça, hoje, sai formado disciplinarmente, sabendo atuar em vários tipos de operações”, garante.
Serviço militar obrigatório
Ao contrário da Marinha e da Aeronáutica, que realizam concursos para praças de baixa patente, o Exército não conta com soldados profissionais. A maioria dos jovens ingressa na Força através do serviço militar obrigatório, aos 18 anos. O tempo máximo de permanência é de oito anos, e o pedido para continuar sendo militar é feito anualmente.
Com isso, o Exército perde soldados que receberam pesados treinamentos e que acabam contratos por multinacionais e por empresas de segurança. Nos últimos oito anos, o corte de recursos para a Defesa diminuiu em quase 50% o número de vagas para o serviço militar. Em 2004, eram 117.779 vagas disponíveis, reduzidas para 61.430, em 2012.
Segundo dados do Exército, mais de 92% dos jovens convocados são voluntários, que recebem aulas de tiro, de sobrevivência na selva, cumprem tarefas de limpeza do quartel e ganham R$ 500 por mês.
“Eu quero ser militar porque é algo de família. Meus avós seguiram carreira, eu quero fazer o mesmo. Quero ter uma vida independente, sem ajuda de pai ou mãe, e não precisar correr atrás de emprego”, diz o estudante Ronan Ferreira de Lima, de 18 anos.
Filho de empresários do interior de São Paulo, Ronan compareceu à Junta de Serviço Militar em Santo Amaro em 30 de abril, último dia disponível para o alistamento militar neste ano.
“Eu acho que [servir] ajuda psicologicamente a ter determinação. Eu não tenho medo das dificuldades, de serem carrascos. Não me importo com isso, não”, acrescenta ele.
Só na capital paulista, 98 mil jovens se alistaram em 2012. Apenas 1,2 mil serão convocados, segundo o tenente Nelson Paravani, coordenador das juntas de serviço militar de São Paulo.
“Eles chegam nas juntas, apresentam os documentos e fazem o alistamento, dizendo se é ou não voluntário. Isso é obrigatório, segundo nossa Constituição. A maioria que quer servir é de nível escolar baixo. Por isso, selecionamos os melhores”, diz Paravani.
Os jovens que são dispensados devem prestar juramento à bandeira brasileira, afirmando que, em caso de guerra, ajudarão a defender a Pátria. Quem já está fazendo faculdade é chamado para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), em que recebe, durante meio turno, instruções militares básicas para comando.
O tenente diz que o alistamento militar pela internet será testado, no próximo ano, como forma de diminuir as longas filas durante o período e a espera dos jovens para apresentar documentos e saber o resultado.
“A partir de 2013, pretendemos que o processo seja feito pela internet, através do site da prefeitura. Será um piloto que o Exército testará primeiro em São Paulo. A forma é semelhante ao agendamento para inspeção veicular: o jovem escolhe a data e o horário para comparecer e evita os tumultos”, diz o oficial.
O estudante Igor Pedro Santos começou a servir em um quartel no Rio de Janeiro em março deste ano. Voluntário, ele comemora a convocação. “Tenho três irmãos que trabalham e não quiseram servir. O sonho do meu pai sempre foi ter um filho militar e eu, desde pequeno, gosto disso. Minha família me apoia”, diz.
“Vida de militar não é mole, não. Tem que gostar para conseguir chegar longe. Passei muita dificuldade nos treinamentos, mas lembrava que minha família torcia por mim e não desisti”, afirma o jovem ao relembrar de rastejamentos, de comida escassa e das longas marchas no curso de preparação para ser soldado.
A lei que trata do serviço militar no país é de 1964 e obriga que todo homem, ao completar 18 anos, apresente-se a uma Junta de Serviço Militar em sua cidade para o alistamento.
Como o número de vagas é pequeno, um dos objetivos da Estratégia Nacional de Defesa (END), promulgada em 2008, é promover mudanças na legislação para “tornar o serviço militar obrigatório realmente obrigatório”. No futuro, segundo a END, os dispensados do serviço militar deveriam ser usados em um serviço civil, “de preferência em uma região do país diferente da que vivem”.
No entanto, na reformulação do texto, que foi entregue em julho deste ano pelo Ministério da Defesa ao Congresso e que ainda precisa ser aprovado, o trecho foi retirado. A nova versão diz apenas que, “como o número dos alistados anualmente é muito maior do que o número de recrutas", eles serão selecionados de acordo com “o vigor físico, a aptidão e a capacidade intelectual”.
Segundo o general Walmir Almada Schneider Filho, que trata dos projetos da END no Exército, ainda não há nenhuma definição sobre mudanças. "O serviço militar é obrigatório só no nome, porque mais de 90% dos nossos soldados são voluntários. O que queremos é melhorar o nível de profissionalização desse jovem, que terá que atuar com novas tecnologias e inteligência nos próximos anos. Dizem que o nível do nosso soldado é muito baixo. Mas ele é o extrato da sociedade", afirma.
Transformações internas
Em 2011, o Exército incorporou a primeira tenente mulher de descendência indígena. Natural da terra Waiãpi, localizada no município de Mazagão (AP), Silvia Nobre Lopes, de 36 anos, é fisioterapeuta e atua no Rio de Janeiro.
Quando criança, Silvia ficava triste por não poder hastear a bandeira nacional. “Jurei para mim mesma que ainda faria isso”, diz a oficial. “Sempre ouvia que, como indígena, eu era o verdadeiro brasileiro. Mas a realidade era diferente”, relembra.
A tenente foi vítima de uma tentativa de estupro, na adolescência, e precisou fugir do agressor.
“Decidi que aprenderia a correr e me tornei uma atleta”, afirma sobre a decisão tomada após o episódio. Durante uma competição, foi observada por treinadores do Vasco da Gama e recebeu uma bolsa para estudar fisioterapia na capital carioca. Ela prestou concurso para oficial temporário e se formou em 2011, ingressando no Exército.
“Para mim, hastear a bandeira agora, no Hospital Militar, e ainda ajudar na reabilitação das pessoas são dois sonhos realizados”, diz.
Para Silvia, a presença de indígenas nas Forças Armadas, apesar de ainda incipiente, só tende a aumentar e a trazer benefícios. “Na Amazônia, os índios são os que melhores conhecem a selva, são preparados para aquele ambiente. Vários pelotões de fronteira usam indígenas como soldados no serviço militar obrigatório. Tenho muitos amigos índios que estão se formando e querem seguir carreira militar também.”
O Exército também aceitou, em 2012, o casamento de um oficial gay, que passou a morar com o companheiro. O major, que é médico e trabalha no Hospital Militar de São Paulo, não quis falar sobre o tema. Ao G1, o Centro de Comunicação Social do Exército diz estar ciente da cerimônia social de casamento do oficial, apesar dele não possuir registro civil do matrimônio nem de união estável.
“O Exército Brasileiro não discrimina qualquer de seus integrantes, em razão de raça, credo, orientação sexual ou outro parâmetro. O respeito ao indivíduo e à dignidade da pessoa humana, em todos os níveis, é condição imprescindível ao bom relacionamento entre seus integrantes e está alinhado com os pilares da Instituição: a hierarquia e a disciplina”, diz a nota.
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