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domingo, 28 de abril de 2013

O General Carlos Alberto dos Santos Cruz conversou por telefone com Zero Hora sobre a instabilidade política na República Democrática do Congo e a importância da intervenção




santoscruz3sApós chefiar a missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, o General brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz recebeu um novo desafio:repetir o trabalho em terras africanas. Gaúcho de Rio Grande, aos 60 anos o militar comandará mais de 20 mil homens que tentam estabilizar a República Democrática do Congo (RDC).
Batizada de Monusco, a missão tenta pacificar um país com 63,6 milhões de habitantes, que há duas décadas convive com ataques de grupos armados e instabilidade política. Comandante no Haiti entre 2007 a 2009, Santos Cruz atuava no momento como assessor especial de Defesa na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Em Brasília, o general conversou com Zero Hora. Confira os principais trechos.

Zero Hora – A missão na África é mais difícil do que a do Haiti?
Carlos Alberto dos Santos Cruz – Tenho 44 anos de Exército e pensei que o Haiti seria o grande desafio da minha carreira, mas esta nova missão é algo maior. O convite veio graças ao bom desempenho do Brasil em outras missões. É um reconhecimento internacional.

Zero Hora – Qual a diferença da nova missão para a do Haiti?
Santos Cruz – Cada missão tem sua característica, mas o Congo é um país gigante, com quase 70 milhões de habitantes, enquanto o Haiti é pequeno. Muda a forma de agir. Mas o que importa é que precisamos resolver o problema, que é igual em todos os lugares: o sofrimento das pessoas, as mortes causadas pela instabilidade do país.

ZH – Quando o senhor pretende desembarcar na África?
Santos Cruz – O convite formal para o governo brasileiro chegou hoje (ontem). É preciso vencer uma etapa burocrática antes de viajar. Espero resolver tudo o mais rápido. É possível que em maio já esteja no terreno de combate.

ZH – Em que região do país o senhor ficará?
Santos Cruz – O quartel-general da ONU é na capital (Kinshasa), mas os conflitos mais graves são no leste do país. O comandante tem de estar junto de seus homens, nos locais de maiores dificuldades. O risco vem embutido no pacote.

ZH – A região é assolada por movimentos armados, como o M23. A missão tem autorização para ocupar territórios?
Santos Cruz – A ONU criou uma brigada de intervenção. Temos autorização para neutralizar os grupos armados. Não é apenas tomar territórios ocupados por esses grupos, mas também precisamos controlar informações, evitar fluxo de armas e munições, fazer patrulhamentos, permitir que a população civil possa se deslocar pelo país.

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