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quinta-feira, 8 de março de 2012

IMBEL IA-2. Um adeus ao velho FAL?


DESCRIÇÃO
O exército brasileiro usa como armamento padrão dos seus soldados o clássico (e antigo) fuzil FAL, adotado em 1964 e produzido localmente pela Imbel desde o começo da década de 70 do século passado. Já são quase 50 anos de uso desta arma e muitas coisas mudaram no campo de batalha neste grande intervalo. Uma das coisas que mudaram foi a adoção por grande parte dos exércitos ocidentais e muitos orientais de um cartucho menor e de menor potencia, mas que traz a possibilidade de maior quantidade de munição e um menor recuo. A migração do campo de batalha para o ambiente urbano diminuiu muito a distancia dos combates que antes eram de mais de 500 metros. Num ambiente urbano, os combates, dificilmente excedem os 300 metros de distancia.  Outra mudança importante é a modularidade dos novos fuzis que normalmente podem ter instalado, sem apoio de um armeiro técnico, acessórios como lanternas, apontadores laser e miras ópticas. O tamanho do fuzil diminuiu e o peso da arma também, o que acarretou em um maior conforto e mobilidade para o soldado poder atuar nos confinados ambientes que ocorrem nas cidades. O FAL é incompatível com esta nova situação por causa de seu tamanho que supera 1 metro e ainda o potente cartucho 7,62X51 mm permite o transporte de menos munição devido a suas dimensões e peso. Não pretendo entrar no érito sobre a munição ideal para fuzis, mas o calibre 7,62X51 mm contínua e continuará tenho uma importância muito grande nos conflitos atuais e futuro, e nosso exército se manteve atento a isso.
Acima: O velho fuzil FAL já chegou na sua hora de descansar depois de quase 50 anos em serviço nas mãos dos soldados brasileiros.

O exército brasileiro tentou modificar o FAL para o calibre 5,56X45 mm, criando o MD-2, mas o resultado foi uma arma pesada com um sistema de funcionamento inadequado para o pequeno calibre. Depois lançou um produto novo, o fuzil MD-97, já apresentado neste blog, e que para manter um custo mais baixo aproveitava alguns elementos do velho FAL. O MD-97 é usado por algumas tropas de brigadas de operações especiais do exercito, pela força de segurança nacional e muitas forças policiais em vários Estados brasileiros. Porém, o modelo não é uma unanimidade em termos de confiabilidade, sendo que o exército optou por pedir o desenvolvimento de um novo fuzil que tivesse dentro dos padrões encontrados nos mais recentes projetos nesse gênero de armamento.
Acima: O primeiro fuzil da Imbel em calibre 5,56X45 mm e com o novo sistema de ferrolho rotativo foi o MD-97L. O modelo, on entanto, apresentou algumas deficiências que fizeram o exército brasileiro solicitar um fuzil de novo projeto.

O novo projeto da Imbel para atender os requisitos do exército e das outras duas forças armadas brasileiras, batizado de IA-2, está sendo fabricado no calibre 5,56X45 mm e no calibre 7,62X51 mm, sendo que o carregador deste ultimo é o mesmo do FAL, uma positiva e desejável característica que facilita a logística. 
É interessante notar que as versões em calibres diferentes do IA-2 possuem mecanismos distintos sendo derivados dos modelos fabricados pela Imbel anteriormente. Assim sendo, o IA-2 em calibre 7,62X51 mm tem seu sistema e operação igual ao do FAL, ou seja, por sistema de ferrolho basculante, enquanto que o IA-2 em calibre 5,56X45 mm opera por sistema de ferrolho rotativo como no MD-97L.  Porém, alguns detalhes da mecânica foram alterados, como por exemplo, o extrator que teve seu desenho modificado para melhorar o processo de ejeção dos cartuchos deflagrados. O posicionamento do percussor foi modificado também. 

Acima: Nesta foto temos o primeiro protótipo do IA-2 em calibre 7,62X51 mm. A coronha montada neste modelo é a mesma do FAL e do MD-97, sendo que ela foi substituída nos protótipos posteriores.

No geral, pode-se dizer que a mecânica do IA-2 foi aperfeiçoada em relação aos seus antecessores, eliminando algumas características indesejáveis que ocorriam neles. Graças ao emprego pesado de polímero, o IA-2 acabou ficando com peso de 3,7 kg, bem mais leve que o FAL que pesa 4,5 kg (ambos desmuniciados).  A empunhadura possui um formato totalmente novo, rompendo com o desenho do FAL e MD-97L, sendo muito mais confortável, com uma melhor ergonomia. É interessante notar, porém, que mesmo tendo-se buscado solucionar fraquezas do projeto antigo, uma indesejável característica se manteve: A alavanca de manejo do ferrolho não é ambidestra. Ela fica montada no lado esquerdo do fuzil e não pode ser trocado de lado. 
Acima: Neste foto em detalhe pode-se observar o desenho da nova empunhadura e o botão do retem do carregador em uma posição nova que facilita o uso das duas mãos. Infelizmente a alavanca do manejo do ferrolho continua sendo exclusivamente do lado esquerdo, dificultando o uso por uma pessoa canhota.

O fuzil recebeu uma telha (ou guarda mão) em polímero de alto impacto que possui trilhos picatinny em todos os lados (como nos projetos mais modernos deste tipo de armamento), facilitando a instalação de acessórios. O IA-2 foi projetado de acordo com especificações do exército brasileiro, porém a Imbel tomou iniciativa de introduzir no projeto algumas características a mais visando tornar o armamento competitivo no mercado internacional. A coronha é um ponto que ainda não está claro qual será sua versão definitiva. Uma coronha bastante avançada foi apresentada em alguns protótipos iniciais e apresentava ajustes de comprimento e rebatimento, ao melhor estilo FN SCAR, porém tenho observado que os modelos em testes por algumas tropas do exército estão apresentando uma coronha mais simples, porém de desenho totalmente novo e que, quase certamente, será o modelo definitivo da coronha do IA-2.
Acima: O modelo IA-2 standard em calibre 5,56X45 mm apresenta a coronha avançada que menciono no texto. Esta peça foi descartada em favor de um modelo mais simples.

As 3 forças armadas brasileiras que hoje operam com velhos fuzis como o velho FAL (Exército e Marinha), o antigo HK-33 (Força Aérea), sendo que as tropas Para SAR usam o moderno e caro SIG 551, e os fuzileiros navais que usam o fuzil norte americano M-16A2 e a carabina M-4A1, que é a versão curta do M-16 deverão receber o IA-2 em substituição a estas armas.
Segundo uma interessante e esclarecedora entrevista com o General de divisão Aderico Mattioli onde ele deixa claro que o IA-2 será entregue a tropa e com a experiência desse lote inicial, serão aplicadas modificações para aprimoramento da arma de forma que ela se torne um fuzil equivalente aos melhores do mundo.

Acima:  1º Esquadrão de Cavalaria Pára-quedista recebeu recentemente fuzis IA-2 em calibre 5,56 mm para avaliação de campo em condições reais de emprego. O exemplar acima está equipado com um lançador de granadas M-203 de 40 mm.

FICHA TÉCNICA (IA-2 em calibre 5,56x 45mm)
Tipo: Fuzil automático.
Miras: Alça com regulagem lateral com2 posições (150 e 250 metros); Massa regulável verticalmente. Miras ópticas e reflex podem ser integradas facilmente devido ao trilho picatinny. 
Peso: 3.7 Kg (vazio). 
Sistema de operação: A gás com ferrolho rotativo. 
Calibre: 5,56 X 45 mm (223 Remington).
Comprimento Total: 99,3 cm com a coronha aberta, e 74 cm com a coronha rebatida.
Comprimento do Cano: 17,2 polegadas.
Velocidade na Boca do Cano: 900 m/seg.
cadencia de tiro: 750 tiros/min


Acima: Este IA-2 em 5,56X45 mm mostra alguns dos acessórios que podem ser facilmente instalados por conta dos trilhos picatinny.

Acima: Dois IA-2 expostos na LAAD-2011. Esses exemplares já estão com a configuração definitiva, incluindo a nova coronha.

Acima: Um IA-2 em calibre 7,62X51 mm sendo testado na fábrica de Itajubá, Onde a Imbel desenvolve e constrói seus fuzis.

Acima: Aqui podemos ver o exemplar definitivo do IA-2 em calibre 7,62X51 mm.





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