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domingo, 29 de julho de 2012

Comentário estrangeiro: O silêncio pragmático de Israel na crise síria


Tudo o que está acontecendo na Síria toca Israel da forma mais direta. Por enquanto, os líderes políticos e militares israelenses mostram moderação na crise do país vizinho. Enquanto isso, a mídia iraniana afirma que os israelenses fornecem armas à oposição síria e treinam seus soldados na fronteira com a Turquia.
Confrontos entre a oposição armada síria e as forças do governo acontecem em Damasco e muitas outras cidades sírias. Enquanto isso, em Paris, está sendo preparada a próxima conferência dos amigos da Síria na qual a Rússia se recusou a participar. Ao mesmo tempo, aumenta o fluxo de refugiados, principalmente para a Jordânia. Neste contexto, soa cada vez mais alto o coro de vozes que apelam para a saída do presidente Bashar al-Assad e de seu círculo próximo. O próprio Assad não exclui a possibilidade de deixar seu posto.
É isso que pretendem atingir certos vizinhos ambiciosos da Síria, aspirantes a líderes regionais, bem como alguns líderes mundiais e organizações preocupadas com questões de direitos humanos. Mas o conjunto, obviamente, não está completo: o silêncio de Israel sobre a questão da Síria está se tornando demonstrativo. No entanto, é bastante simples decifrá-lo.
Israel não tem nenhuma razão para nutrir sentimentos amigáveis para com o presidente Assad: o Estado judeu teve muitas vezes que cruzar espadas com os sírios. Porém, o governo israelense não está fazendo nada que possa ser interpretado como apoio aos opositores do atual líder sírio. Israel não está mostrando nenhuma atividade militar na fronteira, seus representantes não estão fazendo declarações sobre a necessidade da demissão de Assad, nem exigências de mudanças democráticas na Síria, e não procuram uma cessação imediata da violência contra a oposição. É muito fácil compreender esta posição, basta só olhar para a situação na Síria com os olhos de Israel.
Sim, Assad é um inimigo, mas é muito melhor ter como inimigo um regime secular previsível, que está longe da ideologia do Islã puro. A vitória dos islamistas vai significar, na Síria multi-religiosa, uma anarquia do tipo da Somália ou o surgimento no mapa mundial de mais um Estado teocrata islâmico com fronteira direta com Israel. Nestas condições, quando no novo Egito já se ouvem afirmações sobre a necessidade de rever os acordos de Camp David, certamente ninguém em Israel vai criar com suas próprias mãos um novo adversário também no nordeste do país.
Mas Israel tão pouco se pode apoiar Assad. Qualquer declaração pública em favor do líder sírio pode ser considerada como uma sentença a Bashar al-Assad. Seus opositores esfregariam as mãos: o que pode ser melhor do que lutar contra um mercenário e cúmplice de Israel?
Por isso, Israel prefere manter o silêncio. E neste silêncio, preparar a retaguarda. Se o regime de Assad cair, a ação mais lógica para Israel será a criação de uma zona tampão, com uma população mista de alawitas, cristãos e drusos, que, com o apoio de Israel, poderá manter a defesa contra a recém-surgida república islâmica
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